Josivaldo de França Pereira
Uzias, também chamado de Azarias, teve o segundo mais longo reinado de Israel,
52 anos (2Rs 15.1; 2Cr 26.3). Depois dele só Manassés, com 55 anos de governo
(2Rs 21.1; 2Cr 33.1). Se Uzias tivesse subido ao trono com a mesma idade de
Manassés (12 anos invés de 16), seria dele o mais extenso reinado.
Poucos reis de Judá foram tão empreendedores quanto Uzias. Acerca de
Ezequias, por exemplo, a Bíblia diz que ele “fez o açude e o aqueduto, e trouxe
água para dentro da cidade [de Jerusalém]” (2Rs 20.20). Contudo, nada comparado
às realizações do rei Uzias. Ele foi um grande estrategista militar com muitas
vitórias sobre os principais inimigos de Israel – os assírios, filisteus,
arábios e meunitas (2Cr 26.2,6,7) – construindo cidades mesmo em território
inimigo (2Cr 26.2,6). “Os amonitas deram presentes a Uzias, cujo renome se
espalhara até a entrada do Egito, porque se tinha tornado em extremo forte”
(2Cr 26.8). Fez de Jerusalém uma fortaleza com torres edificadas em pontos
estratégicos das muralhas (cf. 2Cr 26.9).
Também edificou torres no deserto e
cavou muitas cisternas, porque tinha muito gado, tanto nos vales como nas
campinas; tinha lavradores e vinhateiros, nos montes e nos campos férteis,
porque era amigo da agricultura (2Cr 26.10).
Debaixo das suas ordens, havia um
exército guerreiro de trezentos e sete mil e quinhentos homens, que faziam a
guerra com grande poder, para ajudar o rei contra os inimigos. Preparou-lhes
Uzias, para todo o exército, escudos, lanças, capacetes, couraças e arcos e até
fundas para atirar pedras (2Cr 26.13,14).
Fabricou em Jerusalém máquinas, de
invenção de homens peritos, destinadas para as torres e cantos das muralhas,
para atirarem flechas e grandes pedras; divulgou-se a sua fama até mesmo longe,
porque foi maravilhosamente ajudado, até que se tornou forte (2Cr 26.15).
No entanto, nenhum homem que atribua a si mesmo o sucesso de seus feitos
é verdadeiramente forte. O rei Uzias “se tinha tornado em extremo forte” (2Cr
26.8), “se tornou forte” (2Cr 26.15) porque Deus o fez prosperar em todo tempo
em que ele, Uzias, fez o que era reto perante o Senhor e se propôs a buscá-lo
com inteireza de coração (2Rs 15.3; 2Cr 26.4,5). Tristemente, no final dos seus
cinquenta e poucos anos de reinado a soberba tomou conta do coração do rei. A
Bíblia relata: Mas, havendo-se já
fortalecido, exaltou-se o seu coração para a sua própria ruína, e cometeu
transgressões contra o SENHOR, seu Deus, porque
entrou no templo do SENHOR para queimar incenso no
altar do incenso (2Cr 26.16). Quando o ser humano se envaidece a tendência
é cometer loucuras.
Uzias se achou no direito de entrar no templo de Deus a fim de
supostamente queimar incenso ao Senhor. Digo “supostamente” porque o que o rei desejava
de fato era se aparecer. Qualquer semelhança não é mera coincidência com os
dias de hoje. Quantos vivem dizendo que fazem isso e aquilo para a glória do
Senhor quando, na verdade, desejam é mesmo o louvor que pertence a Deus?! E
olha que estou falando de gente bem menor que Uzias.
O rei Uzias cometeu transgressões contra o Senhor, praticando sacrilégio
e profanando a Casa de Deus, ignorando completamente o que a Lei dizia.
Adentrar no santuário para queimar incenso era competência do sumo sacerdote,
conforme prescreveu o próprio Deus a Moisés (Êx 30.7,8; Nm 3.10). Porém o sacerdote Azarias entrou após ele,
com oitenta sacerdotes do SENHOR, homens da maior
firmeza; e resistiram ao rei Uzias e lhe disseram: A ti, Uzias, não compete
queimar incenso perante o SENHOR, mas aos sacerdotes
filhos de Arão, que são consagrados para este mister; sai do santuário, porque
transgrediste; nem será isso para honra tua da parte do SENHOR Deus (2Cr 26.17,18).
Há de se destacar a postura de Azarias e dos oitenta sacerdotes do Senhor
diante do rei. O escritor sagrado do livro das Crônicas observa que esses
sacerdotes eram “homens da maior firmeza”, ou seja, firmes na doutrina e
prática da Lei do Senhor, e na maneira como resistiram ao rei Uzias. Por sua
transgressão Uzias perdeu o direito de ser chamado de rei pelos sacerdotes.
Simplesmente o chamam de Uzias: “A
ti, Uzias...”.
Os sacerdotes ainda procuraram trazê-lo à razão lembrando-lhe a quem
pertencia tal ofício. Expulsaram o rei com um enfático: “sai do santuário,
porque transgrediste...”. Então, Uzias se
indignou; tinha o incensário na mão para queimar incenso; indignando-se ele,
pois, contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu na testa perante os sacerdotes, na
Casa do SENHOR, junto ao altar do incenso. Então, o sumo
sacerdote Azarias e todos os sacerdotes voltaram-se para ele, e eis que estava
leproso na testa, e apressadamente o lançaram fora; até ele mesmo se deu pressa
em sair, visto que o SENHOR o ferira (2Cr 26.19,20).
Duas coisas chamam nossa atenção aqui: (1) Apesar da seriedade do que Uzias
tinha feito, Deus não age antes que o rei fique “indignado”. A justa ira de Deus só irrompe contra a ira
rebelde humana. (2) Deus não fica
indiferente quando sua santidade é manipulada.
Os profetas Amós e Zacarias (o mesmo que é citado em 2Cr 26.5), falam de
um grande terremoto ocorrido na época do rei Uzias (Am 1.1; Zc 14.5). Segundo o
historiador Josefo, esse terremoto coincidiu com o ato de sacrilégio cometido
por Uzias (Antiguidades IX,10.4).
Uzias, o rei que não deu glória a Deus por tudo de bom que o Senhor fez a
ele e através dele, acabou sendo vítima de si mesmo. Ele ficou leproso até o
dia de sua morte, numa casa separada, porque foi excluído da Casa do Senhor (2Rs
15.5; 2Cr 26.21). Além disso, a doença de Uzias em vida comprometeu o seu lugar
de descanso na morte, pois foi sepultado não no sepulcro dos reis, e sim, no
campo dos sepulcros que era dos reis, porque disseram: “Ele é leproso” (2Cr
26.23).
No ano da morte do rei Uzias o profeta Isaías viu o Senhor assentado
sobre um alto e sublime trono (Is 6.1). Eis ali, num alto e sublime trono, o
Verdadeiro, o Maior de todos os reis.
Há um provérbio de Salomão que diz: “A soberba precede a ruína, e a
altivez do espírito, a queda” (Pv 16.18). O apóstolo Paulo nos dá a receita de
como nos livrar da soberba quando Deus nos faz prosperar: “Mas, pela graça de
Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã;
antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de
Deus comigo” (1Co 15.10).
Sola Gratia
Soli Deo Gloria
Somente pela graça para
a glória de Deus
Amei o resumo sobre o rei Uzias estou estudando história de Israel.
ResponderExcluirParabéns muito bom o comentário e a aplicação,que o Senhor Deus continue te abençoando.
ResponderExcluirBem explicado, muito útil.
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