A
mensagem de Marcos 5.21-43
Josivaldo de França Pereira
Assim que Jesus
retornou de Gadara afluiu para ele grande multidão. Nesse instante aproximou-se
um dos principais da sinagoga, chamado Jairo. Ao ver Jesus, o homem se prostrou
a seus pés e insistentemente lhe suplicou: “Minha filhinha está à morte; vem,
impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá” (Mc 5.23).
Jesus foi com ele,
levando consigo seus doze discípulos. Jairo era um homem de fé, mas de onde ele
estava até chegar em sua casa, essa fé seria fortemente provada. É que na
viagem de retorno ao lar o chefe da sinagoga experimentaria o agir de
Deus nos intervalos da vida, na pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo.
E como Jairo
aprenderia, nós também podemos perceber o agir de Deus nos intervalos da
vida, mesmo quando o Senhor se volta na direção contrária. Jesus
parou e virou para perguntar aos seus discípulos: “Quem me tocou nas vestes?”
(Mc 5.30). Foi uma mulher enferma de hemorragia que há doze anos precisava de
ajuda. "Porque dizia: Se eu apenas lhe tocar as vestes, ficarei
curada" (Mc 5.28). Com certeza a repentina parada deixou o pai da menina
ainda mais aflito e angustiado.
Naquele momento
Jairo receberia outra lição importante: Deus age nos intervalos da vida mesmo
quando Jesus atende uma necessidade mais urgente que a nossa. Temos a
tendência equivocada de achar que os nossos problemas são sempre maiores que os
dos outros e a sua solução é para ontem. O sofrimento daquela mulher não podia
ser protelado, pois sua longa enfermidade de doze anos a deixara desanimada, desprovida de recursos, cerimonialmente impura e fisicamente fraca (Mc 5.26; cf. Mt 9.22).
Pensamos, muitas
vezes, que os nossos padecimentos e tribulações estão mais elevados que os
montes, e quando eles não são imediatamente sanados perdemos toda a esperança.
Os salmistas entoaram: "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem
presente nas tribulações" (Sl 46.1). E ainda: "Elevo os olhos para os
montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a
terra" (Sl 121.1,2).
No entanto, não é
a segurança dos salmistas que temos aqui no texto de Marcos 5, pelo menos não
em relação a Jairo, pois àquela altura da jornada Jesus havia interrompido a caminhada à casa do já
desesperado pai, falara com seus discípulos, ouviu a pobre mulher, e depois disse a ela: “Filha, a tua
fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal” (Mc 5.34). Jesus a curou
emocional, física e espiritualmente.
A mulher tinha de
enfermidade o tempo que a filha do chefe da sinagoga tinha de idade. A menina
ficou adoentada poucos dias, enquanto a debilitada mulher sofria terrivelmente
há tantos anos. Na verdade, Jesus estava mostrando a Jairo que todo aquele que
nele crer, ainda que nos intervalos da vida, verá a glória do Senhor (cf. Jo
11.40). Fé é acreditar que na aparente demora de Deus ele nos ouve e atende
(cf. Lc 18.7,8a).
Contudo, Jairo
também descobriria que Deus age nos intervalos da vida mesmo quando a
fé está ameaçada pelo medo. “Falava ele ainda, quando chegaram alguns da
casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda
incomodas o Mestre? Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da
sinagoga: Não temas, crê somente” (Mc 5.35,36). O ser humano só pode vencer o
medo à luz da fé. "A minha fé em Cristo me proporciona a coragem para
realizar aquilo que mais temo" (D. C. Everhart).
Os homens que foram até Jairo com a notícia aterradora da morte de sua filhinha não faziam ideia que estavam diante de quem é a ressurreição e a vida.
Exatamente o que Jesus disse à Marta por conta do falecimento de Lázaro (Jo
11.25). O pai da menina estava prestes a ver com seus próprios olhos que a
morte não tem a última palavra. Jesus é a ressurreição e a vida, quem nele crê,
ainda que morra viverá; e todo que vive e crê nele não morrerá, eternamente (cf.
Jo 11.25,26).
Por fim, Deus age
nos intervalos da vida mesmo quando não contamos com uma atuação ainda
mais extraordinária e inesperada dele. Jairo desejava simplesmente a
cura de sua filha agonizante. Ele tinha fé para isso (cf. Mc 5.23); porém,
Jesus lhe faria ver algo maior. Não passava na cabeça de ninguém ali presente
que Cristo ressuscitaria a menina. A partir daquele ponto o Mestre não permitiu
que nenhuma pessoa mais o acompanhasse na visita à casa de Jairo, exceto Pedro
e os irmãos Tiago e João.
Chegando ao lar do
chefe da sinagoga, Jesus se deparou com o alvoroço das carpideiras que choravam
e pranteavam muito. Uma encenação pífia desmascarada logo na entrada, quando o
Senhor disse: “Por que estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta,
mas dorme” (Mc 5.39). Para Cristo, a morte que será interrompida pela
ressurreição não é morte (cf. Jo 11.11). “E riam-se dele" (Mc 5.40).
Quem não acredita
no poder de Deus não é digno de ficar nem ao menos na sala de estar para
contemplar os milagres do Senhor. Desse modo, mandou Jesus que todos saíssem da
casa. Acompanhado dos pais da menina e seus três discípulos, entrou onde ela
estava. Tomando-a pela mão, o Mestre amado ordenou que a menina se levantasse.
Imediatamente a filhinha de Jairo se colocou em pé e pôs-se a andar. “Então,
ficaram todos sobremaneira admirados” (Mc 5.42).
Deus age nos
intervalos da vida mesmo quando ele se volta na direção contrária, atende uma
necessidade mais urgente que a nossa, a fé é ameaçada pelo medo e não
imaginamos uma ação ainda mais grandiosa dele. Vale a pena crer e confiar no
Senhor Jesus Cristo porque o nosso Deus é um Deus surpreendente em todos os
sentidos.
Louvado seja o
Senhor!